terça-feira, 13 de abril de 2010

E para variar a culpa é do Advogado

E para variar a culpa é do Advogado.


Aos meus amigos leitores, hoje vou escrever um relato de uma visita minha ao CDP II de Osasco (Centro de Detenção Provisória) onde na verdade nada mais é do que uma penitenciaria onde muitos lá’ cumprem sua pena.

Como de costume vou trabalhar em meu escritório todos os dias trajado de acordo com a profissão, ou seja, paletó e gravata, como de habitual tive que me deslocar de São Paulo a Osasco cerca de 20 km da capital de SP, para solicitar por escrito ao diretor de segurança e disciplina do cárcere um boletim informativo e o atestado de conduta carcerária para o meu cliente que já faz jus ao beneficio do regime semi-aberto a mais de 5 meses, e pela morosidade da justiça e burocracia demasiada nos advogados somos obrigados a enfrentar contra o encalce da injustiça, de imediato ao chegar na portaria fui me identificar esperando sempre a boa vontade do funcionário publico em nos atender, como de costume esperei ao sol cerca de 20 minutos ate que de dentro de uma portinha cheia de grades e janelas escuras pedem para que eu apresente a minha carteirinha da OAB colocando-a por de baixo de uma janelinha onde quase a carteirinha não passava, lembro que agora a carteirinha de advogado mais se parece com um cartão de credito com Chip e tudo mais, viva a era Hi-Tech, enquanto aguardava alguma noticia do lado de fora por onde será que andava a minha identidade só Deus sabe, abriu-se um enorme portão de ferro, de dentro dele saiu um senhor muito educado e de cabelos grisalhos e pediu que eu me afastasse-se um pouco do portão, de pronto atendi e logo pude perceber que através desse enorme portão iria adentrar um veiculo blindado de escolta com mais presos e eu lhe questionei posso entrar pois quero sair desse sol!! Obtive uma resposta negativa, mas em ato continuo abriu-se uma nova portinha de ferro e cheia de grades onde fui convidado a adentrar no estabelecimento prisional, ao chegar na portaria interna, pedi informações aonde seria o protocolo, para que eu pudesse requerer ao diretor daquele estabelecimento os documentos necessários para poder estar levando ao juiz a respeito do comportamento carcerário de meu cliente, logo fui informado com muita “boa vontade” ( aqui estou sendo cínico), que deveria subir as escadas e entrar em contato com um funcionário, prontamente me dirigi ao local determinado, chegando lá fui informado que quem recebia os pedidos estava almoçando e que eu deveria aguardar mais alguns minutos, como vida de advogado é emocionante, aguardei com o meu requerimento na mão, já impaciente apareceu a pessoa que deveria protocolar e me informou Dr. Não irei receber o seu requerimento pois falta a procuração, ate pensei em discutir invocando o Estatuto de Ética da OAB no qual nos advogados podemos agir em urgência sem a necessidade de procuração e a posteriori fazer a juntada da mesma, mas resolvi não criar polemica queira era resolver logo e da melhor forma ao meu cliente, pedi a esse mesmo funcionário que me emprestasse uma folha em branco e que requisita-se o meu cliente dentro do raio que se encontrava para vir assinar a bendita! Novamente neim preciso dizer aos leitores o que aconteceu!! (Doutor aguarde um momento e espera na portaria aonde o senhor entrou), como o dia estava perfeito fui aguardar, mais alguns minutos chega aquele mesmo senhor que logo me deparei na entrada e me comunica que eu poderia adentrar ao “parlatorio” (é o local onde nos advogados temos contato como nossos clientes presos), bom ao caminho do “ parlatorio” passei por uma maquina que detecta metais, e como um advogado pontual sempre ando com meu relógio que logo foi detectado, retirei o relógio e passei novamente no aparelho que acusou novamente algo em mim, já com olhares desconfiados dos funcionários tive que retirar meus sapatos, meu cinto, desfazer o no’ da gravata para retirar a minha corrente de proteção (pingente) que carrego comigo e ai sim passar pelo aparelho que nada acusara dessa vez, ou seja, pela segurança de todos devemos abrir mão de certas coisas, como no meu caso estar bem vestido para poder atender o meu cliente e passar um aspecto de dignidade humana que é o fica esquecido dentro dos presídios ultimamente. Fui conduzido a ir mais para frente e passar em mais uma portaria, que seria a ultima ate ter contato com o meu cliente, ao chegar nessa segunda portaria me deparo agora com uma maquina sofisticada de detector de metais e outra de raios-X dessas que nos vemos em aeroportos de 1 mundo como Estados Unidos e Alemanha, novamente tive que me desfazer pela segunda vez de todos os meus itens pessoais incluindo sapatos...rs que dessa vez passaram pela maquina de raios-X, fui liberado como fora feito na primeira portaria, e fui encaminhado para o tão esperado “parlatorio” chegando a esse local vi que se tratava de uma sala tipo aquelas de filme que assistimos na sessão da tarde da Globo onde o preso fica separado de nos através de uma janela de vidro, mas como o Brasil tem um sistema prisional equiparado com os de paises de primeiro mundo, neim preciso falar ao leitor como foi fácil me comunicar, mas vamos lá, nessa sala cabia 4 advogados, lá estavam presente 5, entre as janelas havia apenas uma pequena divisória para dar um ar de privacidade, porem nas janelas não tinham os famosos interfones que se vêem nos filmes e sim um minúsculo espaço bem embaixo da janela no qual todos os advogados por lá gritavam para tentar passar alguma informação ou obter alguma informação de seus clientes e eles faziam a mesma coisas, ou seja, ninguém, conseguia compreender nada, às vezes nos entendíamos por gestos, após conseguir fazer um gesto ao meu cliente que eu lá me encontrava apontei para ele a procuração que acabava de ter feito a mão e que ele deveria assinar, quase não consegui passar a folha de papel por esse minúsculo espaço destinado a passar esses documentos, agora deixo a imaginação dos leitores fluir para adivinhar como tive que passar a caneta Bic para o cliente poder assinar, sim meus caros leitores, tive que retirar a carga e passar somente a carga, então podem imaginar como ficou a assinatura, fora que ali se ouvia tudo que os outros advogados falam para seus clientes e vice-versa novamente pergunto onde fica o sigilo profissional entre advogado e cliente sendo que o próprio Estado evita isso, nos cerceando de nossos direitos fundamentais. Após pegar a procuração com meu cliente tive que refazer todo o processo de entrada mas de modo inverso para poder sair daquele lugar esquecido pelos nossos governantes, ao sair passei a prestar atenção as pessoas que lá entravam e reparei que funcionários não entravam e saiam diversas vezes de acordo com o necessário ao seu trabalho, porem reparei que ninguém era submetido aos detectores de metais ou aparelhos de raios-X sempre que saiam ou entravam, fiquei muito intrigado com tudo que acontecia, os advogados que adentravam ao presídio eram revistados e se comunicavam com seus clientes em uma sala minúscula onde neim uma caneta praticamente entra, já funcionários transitavam de forma livre pelas dependências sem nenhuma revista, ai fiquei indignado e lembrei da máxima de nossa Constituição Federal “ Somos todos iguais perante a lei” ao refletir sobre isso comecei a dar risada sozinho, e pude perceber que alguns funcionários que me viram rir devem ter pensando esse advogado não bate bem para variar, sai de lá entreguei a procuração no local em que me foi pedido, e fui embora.

Agora meus caros leitores, vamos começar, quem será que leva celular para dentro dos presídios? sendo que os advogados têm ate seus sapatos revistados por maquinas de raios-X, o mais incrível é como essas coisas aparecem lá’ dentro e o mais intrigante, o celular que entra tem que ser recarregado na eletricidade, talvez quem sabe querendo ser muito otimista, quem sabe tenha tomadas dentro das celas!! E mais uma vez a culpa de quem é.....isso mesmo caro leitor é do Advogado, pois nos permitimos esse silencio, nos deixamos cada vez mais nossos direitos serem cerceados, ai levamos a culpa ate daquilo que não somos nos que fazemos!
Colegas advogados sejamos mais unidos!
Abraços a todos os leitores!
Em breve mais relatos emocionantes de uma vida de Advogado!
Prof. Walter

3 comentários:

Anônimo disse...

Realmente, a culpa é do advogado! Quem mandou você NÃO levar o protetor solar e a paciência?

mc-end a força do funk disse...

Boa noite ,eu sou artista circence.

me chamo Ederson Brandao.

atualmente trabalho no circo
halley.de propriedade de meu pai.
o senhor Edson brandão.
eu meu pai e meus irmãos compomos o elenco de nossa companhia.

eu e meus irmãos já somos a quarta geração da familia brandão no ceará.eu gostaria de saber quais são os nossos direitos como circence...

Walter Gonçalves Jr disse...

Boa noite Ederson!
Como todos brasileiros, gostaria de mais especificidade em sua pergunta se possivel, pois como circence voce tem diversos direitos, patrimoniais, culturais, artisticos.
Entre em contato comigo.
waltergoncalves@hotmail.com
Abs!
Prof. Walter